sexta-feira, 23 de outubro de 2009

**Hoje a melodia do meu violão se entristece de modo singular. Eu que sempre escrevo sobre sentimentos tão meus, tão particulares, escrevo um sentimento que agora é compartilhado por uma família inteira.
Acabo de chegar em casa, depois de um dia de correria e faculdade, minha rotina nunca foi das mais tranquilas, mas é nessa inconstância que eu encontro a minha paz. No horário de sempre peguei o ônibus que pára na frente da minha casa, quando o motorista que me conhece desde pequena me pergunta sobre uma moça que mora na minha rua me surpreendi, em início não me recordei em detalhes quem era a moça, mas por nome eu sabia quem era, até que então ele me conta mais do que chocado que ela fora assassinada duas horas antes do meu encontro com o Senhor Rubens. O caso ocorreu, explicando muito resumidamente, devido ao ciúmes do ex-marido por motivos que não são significantes para descrever aqui.
Mas o que me deixou mais tocada, é o fato de conhecer os pais da moça, saber que é uma família muito unida e que passou por situações muito difíceis nos últimos anos. Me comoveu o fato de ela ter acordado esta manhã fazendo planos para o fim de semana, talvez agradecendo à Deus por mais um dia de vida.. talvez não... sem saber que o que lhe restava a agradecer eram mais algumas Horas.. Ela teve o seu último dia como algo rotineiro, talvez sem notar que as coisas mais comuns que ela fazia eram as últimas, sem talvez ter dado o valor real de cada ato que ela cometera hoje, talvez ela ainda amasse o ex-marido e estivesse ESPERANDO o momento certo para dizer a ele a intensidade de seus sentimentos, talvez esperasse o momento certo para fazê-lo seguir outro caminho, enfim, talvez ela estivesse ESPERANDO alguma luz no fim do túnel...
Ele após ter matado a ex-mulher, cometeu suicídio, um modo de se redimir do erro, ou talvez um modo de fugir de uma vida sem a amada, na verdade eu não sei, apenas imagino que seja isso, geralmente é a disculpa dada para esse tipo de ato....
Me pergunto, até que ponto as pessoas realmente são umas das outras? Na verdade, até que ponto um ser humano acha que tem domínio em outro ser? Se sobrepor à Deus, achar que tem o direito de tirar uma vida, analisar o Certo e Errado à partir de suas experiências tão provincianas... pois em minha concepção um ato assim não é nem provinciano, é medieval. Até onde esse sentimento de posse pode ser denominado de Amor? Onde fica a felicidade em ver a pessoa amada feliz? Independente de onde e com quem ela esteja? O amor próprio...
É mais do que claro que acredito que a vida deve ser vivida por inteiro, cada dia como se fosse o último, mas hoje, percebo que além disso, deve-se viver desprendido não somente de coisas materiais, mas também dos seres...
Definir nossa vida em uma única pessoa, decidir que sua felicidade depende apenas de um ser... Isso á a maior bobagem que se pode acreditar, felicidade não é algo a ser completado, mas aumentado... Beijos não são contratos como diria Sheakspeare... As pessoas ocupam lugares de importância em nossas vidas, não de arrendamento, não somos donos da liberdade, dos sentimentos e principalmente da vida de ninguém... apenas somos personagens de um grande espetáculo com o roteiro na mão, para quem se cansou de atuar ou se decepcionou com as cenas, dar um fim nele pode ser uma escolha... mas sinceramente, prefiro que as cortinas se fechem no momento certo com os aplausos como música de fundo..** LUTO

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